Não é só Ronda. MMA feminino surgiu do zero no UFC e já divide holofotes
- infodiario
- 9 de out. de 2015
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Entre tantas conquistas do UFC e de seu presidente, Dana White, uma frase infeliz vai martelar sua cabeça para sempre. Em 2011, ele afirmou categoricamente: "nunca veremos uma mulher no UFC". Quatro anos depois, e veja só: Ronda Rousey é a maior estrela do evento, arrastando consigo uma nova leva de lutadoras talentosas, midiáticas e, em boa parte dos casos, até mais sedentas por vencer que os homens.
Tudo mudou para elas, e muito do que o UFC era há quatro anos também já não é o mesmo. As mulheres, pasme, Dana White, viraram salvação - como mostramos a seguir e no especial sobre MMA feminino "Do Desdém ao Topo".
De um evento liderado pelos seus astros Anderson Silva, Jon Jones e Georges St-Pierre, o UFC passou por uma reconstrução total em sua imagem em 2015. Ronda Rousey e Conor McGregor assumiram o protagonismo, agora dividido entre gêneros. E não é preciso ir muito longe para mostrar o impacto do fenômeno Ronda Rousey, que virou uma Mike Tyson do MMA feminino.
A ex-judoca é a responsável pela maior venda de pay-per-views desde Anderson x Weidman 2, em 2013. Foram 900 mil pacotes vendidos no UFC 190, longe dos 1,6 milhão do recorde da franquia, mas um número elevado na atual realidade - em que a pirataria por streamings é grande. E não é só para o público dos EUA que o apelo de Ronda é enorme.
No Brasil, ela conquistou a torcida e deu 13 pontos no ibope para a Rede Globo, audiência que só perdeu para a transmissão de Anderson Silva x Nick Diaz no começo ano. O UFC 190, com seus 34 segundos do início ao nocaute na brasileira Bethe Correia, ainda garantiu oito dos dez temas mais comentados no Twitter, alcance gigante no Facebook e mensagens de gente como Larry King e Will Smith, algo que mostra como a lutadora passou de uma ídolo do nicho do MMA para uma estrela mainstream, uma conhecida do grande público.
Números do sucesso
O sucesso de Ronda é explicado por todo o seu conjunto da obra. A norte-americana tem uma história de superação que passa por um nascimento complicado, que dificultou o aprendizado da fala e o suicídio do pai. Foi medalhista olímpica de judô, mas abandonou tudo, virou garçonete e chegou a dormir em seu carro antes de mudar de carreira e partir para o MMA.
Ninguém acreditava nela. A reação de sua mãe - campeã mundial de judô - ao ouvir a proposta de Ronda e de seu técnico foi essa: "Eu não estou discutindo a capacidade de Ronda como atleta. Eu estou questionando o 'ela vai ser uma grande estrela e ganhar muito dinheiro'". Assim, a contragosto, a matriarca durona deu um ano para Ronda tentar convencê-la do contrário, senão a faria ir cursar uma faculdade ou arranjar um trabalho. E foi no MMA que Ronda Rousey virou uma destruidora de rivais, obrigando todos a darem o braço a torcer - suas rivais que o digam.
O sucesso de Ronda começou no Strikeforce e obrigou Dana White e seus companheiros a se mexerem. Quando o UFC comprou o evento rival, seu plantel ficou à disposição. Ronda já tinha feito tanto barulho e era tão arrasadora, que eles se viram obrigados a apostar no MMA feminino. A norte-americana foi anunciada como primeira lutadora e campeã pelo evento em novembro de 2012 e desde lá defendeu o cinturão seis vezes, apesar de ter permanecido no octógono menos de 18 minutos, somadas todas as lutas.
Os resultados a colocaram como terceira melhor lutadora do ranking peso por peso, que conta todos do plantel do Ultimate, independentemente de sua categoria.
Para o novo diretor-geral do UFC no Brasil, a chance de trabalhar com Ronda em seu primeiro grande evento foi uma oportunidade de ousar e tentar ir além do público regular do MMA. "Esse foi o primeiro evento em que pude idealizar junto ao UFC. E a chave é pensar fora da caixa. Então, espalhamos a imagem delas por todo o Rio de Janeiro, investimos na experiência de quem vai ao ginásio, que tem diversas atividades interativas e além de tudo eles viram a Ronda Rousey, que já é uma figura maior, já é uma celebridade, uma atriz que luta", afirmou ele.
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