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Wallace tem aulas com professor e estuda para prestar vestibular

  • infodiario
  • 14 de nov. de 2015
  • 4 min de leitura

Wallace foge ao perfil tradicional do jogador de futebol. Apaixonado por leitura e viciado em adquirir conhecimento, o zagueiro do Flamengo tomou uma decisão surpreendente próximo aos 28 anos. Com a ideia de jogar pelo menos por mais seis temporadas, o defensor já está preocupado com o pós-carreira.

Assim surgiu a iniciativa de prestar vestibular, cursar uma faculdade e buscar o diploma de nível superior. Em entrevista ao UOL Esporte, Wallace revelou que contratou um professor particular e faz duas aulas por semana para as provas que virão. Jornalismo, psicologia e educação física são cursos que o atraem. Através de uma das profissões o zagueiro pretende levar a vida após pendurar as chuteiras.

Confira a íntegra da entrevista:

UOL Esporte: Por que tomou a decisão de estudar e prestar vestibular mesmo longe de encerrar a carreira? Wallace: É uma coisa lá de trás. A maioria dos jogadores não terminou o ensino médio. Foi assim com quem atuou comigo na base do Vitória. Poucos deram atenção aos estudos. Dos 32 jogadores da minha geração apenas dois vingaram. Anderson Martins e eu. O que os outros 30 fizeram da vida? Sempre pensei a questão da educação como fundamental. O jogador precisa entender que a carreira acaba. Só 1% sabe o que fazer depois de parar. Entramos em decadência cedo e com 34 anos a vida ainda está no início. Tudo isso me deu força para estudar e fazer o vestibular. Tentei no meio do ano, mas a rotina não permitiu. Me preparo para tentar novamente.

UOL Esporte: Você até contratou um professor particular. Como são as aulas? Wallace: Faço aulas duas vezes por semana há quatro meses. Estudamos por pelo menos 1h30 em cada encontro. O professor Júnior me ajuda bastante. São aulas de português, matemática, tudo o que é preciso para um vestibular. Pretendo tentar a prova o mais rápido possível. Quem sabe agora no fim do ano ou no início de 2016? Vamos ver se consigo. Existem duas faculdades particulares perto da minha casa e também analiso possibilidades para cursar da melhor forma possível.

UOL Esporte: Você acha viável conciliar a faculdade com o Flamengo? Wallace: Seria impossível. Uma faculdade presencial seria algo bastante complicado no momento. Mas existe a possibilidade de tentar um curso a distância. Fui um bom aluno até quando a vida me permitiu. Depois precisei arcar com as responsabilidades envolvendo a família.

UOL Esporte: Já escolheu o curso? Como pretende conduzir a vida após pendurar as chuteiras? Muito provavelmente o salário será inferior ao recebido no Flamengo... Wallace: Jornalismo, psicologia ou educação física. Acredito que tenho a ver com todas as áreas. O fato de ter sido líder por onde passei e entender essas coisas remete bastante ao lado da psicologia. A questão do jornalismo é a comunicação. Focar no esporte pode ser um objetivo na área. Sei que tudo na vida é passageiro e vivemos o dilema financeiro. A carreira acaba e estou bem preparado para isso. Não é só a questão econômica. Quero ter o que fazer quando parar. Existe a depressão pós-carreira. O meu sonho de estudar está vivo. É um exemplo que quero dar aos meus filhos. Acho que poderia ser melhor se tivesse priorizado ainda mais a educação.

UOL Esporte: Você também tem feito podcasts como uma espécie de entrevistador. Essa iniciativa já é um projeto pós-carreira? Wallace: O podcast veio da dificuldade em dormir algumas vezes. Ouvi vários na internet e virei fã. São assuntos de que gosto. Literatura, cinema, séries... Conheci algumas pessoas envolvidas e que me incentivaram a fazer. Levo amigos e batemos um papo. É mais do que a questão da entrevista. É para desmistificar muitas coisas que as pessoas falam e até não sabem sobre o futebol. Geralmente faço algo que me beneficie quando tenho insônia. Estudo, leio, escuto rádio. Mas o podcast é bem bacana. Já falamos com o Mauro Silva, com o Lulinha e vem muito mais por aí.

UOL Esporte: O que mais incomoda no futebol? Wallace: Muita gente fala da concentração. Mas isso não me incomoda. Talvez o que me incomode são as pessoas. Existe o ônus de jogar em time grande. Alguns pensam que você não sente a derrota. Isso me machuca bastante. A agressão das pessoas na rua quando o time está perdendo é grande, assim como são bondosas demais quando vencemos.

UOL Esporte: Encarar a imprensa na má fase é um problema? Wallace: Nunca tive arranhão com qualquer pessoa da imprensa e tenho até amigos no meio. O jogador precisa saber lidar com tudo isso. Entendo perfeitamente o trabalho dos jornalistas. O difícil mesmo é encarar porteiro, jardineiro e amigos. O pessoal não perdoa dependendo da situação.

UOL Esporte: O episódio que resultou no afastamento de cinco companheiros de Flamengo, o chamado "Bonde da Stella", reabriu a discussão sobre os limites do jogador de futebol. Escolher o programa para uma folga tornou-se um desafio em tempos de smartphones com câmeras potentes e a febre do WhatsApp? O jogador não pode fazer qualquer coisa fora do horário de trabalho? Wallace: Dá para fazer tudo, mas no momento certo. Não vou para a rua com o time perdendo seis partidas. Não quero ser agredido verbalmente. Mas não me privo do que gosto na hora certa. É lógico que com o passar do tempo a frequência diminui. Até hoje nunca fui impedido de fazer nada mesmo com o Flamengo em momento delicado. Cabe analisar as situações da melhor forma.

fonte: uol

 
 
 

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