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Em interrogatório, Lula diz que não pagou por reformas porque não era dono do sítio em Atibaia

  • infodiario
  • 14 de nov. de 2018
  • 5 min de leitura

Ex-presidente foi levado para sede da PF após o fim da audiência. Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro; Lula nega acusações.

Em interrogatório na sede da Justiça Federal, em Curitiba, nesta quarta-feira (14), o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse que não pagou por reformas no sítio de Atibaia porque não era dono da propriedade. Lula afirmou ainda que havia pensado em comprá-lo --mas que o dono do local não quis vendê-lo.


O ex-presidente prestou depoimento na ação do sítio de Atibaia, processo no qual é acusado de lavagem de dinheiro e de receber propina por meio da reforma e decoração da propriedade. Ele já cumpre pena porque foi condenado em segunda instância no caso do triplex do Guarujá.


Ele foi interrogado das 15h às 17h50 pela juíza federal substituta Gabriela Hardt. Lula é réu na ação penal.


O ex-presidente deixou o local cerca de dez minutos após o fim da audiência e foi levado para a Superintendência da Polícia Federal (PF).


Esta foi a primeira vez que Lula deixou a Superintendência desde que foi detido. Em nota, a defesa de Lula diz que o ex-presidente rebateu "ponto a ponto as infundadas acusações do Ministério Público"


O que Lula disse no interrogatório:

  • Que não pagou pelas obras do sítio

  • Que pensou em comprar o sítio, mas desistiu porque o dono não quis vender;

  • Disse que queria provar que o sítio não era dele;

  • Negou ter pedido reforma na cozinha do sítio

  • O ex-presidente questionou a juíza: 'sou dono do sítio ou não?'

Negou ter pago pelas obras do sítio


O ex-presidente Lula foi perguntado pelo Ministério Público Federal sobre obras no sítio de Atibaia.


MPF: "O senhor, depois que tomou conhecimento que essas obras foram feitas, pretensamente, para o senhor... O senhor não quis pagar por elas. O senhor confirma?"


Lula responde: "As obras não foram feitas pra mim, portanto, eu não tinha que pagar porque achei que o dono tinha pago".


O MPF então argumenta que o dono do sítio disse, em depoimento nesta semana, que não ia pagar por achar que Lula ia pagar.


"Mas, se ele falou, paciência", respondeu Lula. Em seguida, complementa: "Se ele falou que não pagou achando que a Marisa tenha pago, eu não tenho mais como perguntar".


Quis comprar o sítio


No interrogatório, Lula disse, ao falar sobre o sítio de Atibaia: "Eu na verdade pensei em comprar o sitio para agradar a Marisa em 2016. Eu tive pensando porque se eu quisesse comprar o sitio eu tinha dinheiro para comprar o sitio. Acontece que o Jacó Bittar não pensava em vender o sítio, o Jacob Bittar tinha aquilo como patrimônio".


Questionado pelo Ministério Público Federal sobre uma minuta de escritura de 2012, não concretizada, no qual Lula e Marisa apareciam como potenciais compradores do sítio, o ex-presidente respondeu: "Se foi feita uma minuta, obviamente que, como eu era amigo deles, eles poderiam ter oferecido pra mim, se eu quisesse comprar o sítio eu poderia ter comprado o sítio".


O ex-presidente afirmou que começou a frequentar o sítio em alguns momentos em janeiro de 2011, logo depois de deixar a Presidência da República.


'Sítio não é meu'


O ex-presidente fala ainda: "Eu nunca conversei com ninguém sobre as obras do sítio de Atibaia porque eu queria provar que o sítio não era meu. E hoje aqui nessa tribuna vocês me deram o testemunho: o sítio não é do 'Seu' Lula. Eu pensei que eu vim aqui prestar depoimento porque o sítio era meu. O sítio não é meu."


Negou ter pedido reforma na cozinha do sítio


Lula foi questionado pelo MPF: "O senhor Leo Pinheiro [ex-presidente da OAS] disse que o senhor o chamou lá no Instituto Lula uma certa ocasião e pediu a reforma na cozinha do sítio de Atibaia". O ex-presidente respondeu: "Não é verdade. não é verdade".


Discussão com juíza


No início do interrogatório, Lula e a juíza discutem. "Doutora, eu só queria perguntar para o meu esclarecimento. Eu sou o dono do sítio ou não? Porque eu estou disposto a responder toda e qualquer pergunta. Eu sou dono do sítio ou não?", pergunta o ex-presidente. “Isso o senhor que tem que responder e eu não estou sendo interrogada nesse momento”, disse a juíza. Lula interrompeu dizendo que tem que responder é quem o acusou. Gabriela Hardt então chamou a atenção de Lula: “Senhor ex-presidente, esse é um interrogatório --e se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”.


Defesa de Lula


O advogado Cristiano Zanin Martins, responsável pela defesa do ex-presidente, disse, por meio de nota oficial, que Lula “rebateu ponto a ponto as infundadas acusações do Ministério Público”.


Disse ainda que durante o governo de Lula, não chegou a ele nenhum ato de corrupção na Petrobras. A defesa ressaltou que, apesar de o MPF afirmar que contratos da Petrobras geraram propina ao ex-presidente --e por isso a ação estar em Curitiba--, os procuradores não questionaram o ex-presidente sobre isso.


Segundo Zanin, isso “confirma que a referência a tais contratos da Petrobras na denúncia foi um reprovável pretexto criado pela Lava Jato para submeter Lula a processos arbitrários perante a Justiça Federal de Curitiba”.


Conforme a defesa de Lula, o ex-presidente reafirmou no interrogatório que o sítio “não têm qualquer vínculo com a Petrobras e que pertence de fato e de direito à família Bittar, conforme farta documentação constante no processo”.


Lula, afirmou o advogado, reforçou indignação por estar preso “sem ter cometido qualquer crime e por estar sofrendo uma perseguição judicial por motivação política”.


Apoiadores


Apoiadores do ex-presidente estão em frente à sede da PF desde o início da manhã. Eles também fizeram manifestações com faixas e cartazes em frente ao prédio da Justiça Federal durante a audiência.


A audiência começou às 14h com o depoimento do pecuarista José Carlos Bumlai, também réu no processo. Bumlai, que responde pelo crime de lavagem de dinheiro, foi interrogado por uma hora.


A juíza Gabriela Hardt, substituta na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, assumiu temporariamente a os processos da Lava Jato, antes conduzidos pelos juiz Sérgio Moro.


Moro está de mudança para Brasília a partir de janeiro para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública.


A seleção do novo juiz é de responsabilidade do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).


Investigações do processo do sítio


Conforme o Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente recebeu propina do Grupo Schain, de José Carlos Bumlai, OAS a Odebrecht por meio da reforma e decoração no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que frequentava com a família. Outras 12 pessoas são rés neste processo.


Os valores foram repassados ao ex-presidente em reformas realizadas no sítio, de acordo com os procuradores do MPF. Segundo a denúncia, as melhorias no imóvel totalizaram R$ 1,02 milhão. Ex-executivos da Odebrecht afirmaram que o departamento de propina da empresa bancou parte das obras.


Segundo a força-tarefa da Lava Jato, Bumlai teria ajudado no repasse de propina no valor de R$ 150 mil ao ex-presidente.


Lula nega as acusações e afirma não ser o dono do imóvel, que está no nome de sócios de um dos filhos do ex-presidente.


O empresário Fernando Bittar, um dos donos do sítio, responde por lavagem de dinheiro. Interrogado pela Justiça, na segunda-feira (12), Bittar disse que achava que Lula faria o pagamento das obras na propriedade.


O pecuarista José Carlos Bumlai e Lula prestam os últimos depoimentos da ação, que depois vai para a fase final.


Fonte: G1


 
 
 

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