Procurador-geral de Justiça afirma não ter dúvidas que assassinato de Marielle teve participação do
- infodiario
- 14 de jan. de 2019
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Durante a sua recondução ao cargo, o procurador-geral de Justiça Eduardo Gussem afirmou que não tem dúvidas sobre a participação do crime organizado no assassinato de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.
"- A omissão estatal com a leniência de autoridades públicas propiciaram que se implantasse o terror e o medo na sociedade. E ameaça às autoridades é uma afronta. A morte de Marielle e Anderson está relacionada às organizações criminosas - alertou o procurador-geral em seu discurso. Espero que o ataque à deputada Martha Rocha não seja mais um triste capítulo para ficar gravado na história" - completou.
Gussem ressaltou a importância de ter sido o mais votado da lista tríplice das eleições do MP:
"- A escolha do candidato mais votado mostra que a instituição está livre de influências externas . A carta magna dá amplos poderes de investigação para o MP. Fazemos uma mea-culpa com a população quando não fomos tão eficientes, mas vamos levar nosso esforço a todos os limites que se façam necessários. O MP atuará com eficiência" - prometeu.
"- A corrupção, as milícias e o crime organizado matam a curto, médio e longo prazo. As consequências da criminalidade vão se acumulando em espiral ascendente e sem fim "- disse Gussem.
Uma das promessas do procurador-geral será adotar tecnologia e aperfeiçoar os mecanismos já existentes.
Relações estremecidas
As relações entre o governo Witzel e o Ministério Público estão estremecidas quanto ao resultado da investigação do assassinato de Marielle Franco e de Anderson. Após a recondução de Gussem, Witzel foi crítico ao citar sobre as duas apurações sobre o crime: uma da Delegacia de Homicídios da Capital (DH) e outra das promotoras que formam um grupo especial para o caso.
"- Existe uma investigação que o MP está fazendo, posterior a da Polícia Civil. Parece-me que as duas têm que andar juntas. Se não for possível, a que estiver mais madura, com provas, que dê a resposta à sociedade. Uma investigação mais adiantada na polícia, que ela apresente logo o resultado. É bem melhor apresentar um resultado parcial de uma investigação, pois o inquérito pode ser cindido, e retomar a apuração com outros fatos. Estando a colheita de provas de forma madura, prepara-se um relatório e se oferta a denúncia - afirmou Witzel.
Gussem, por sua vez, disse que não há divergências: "- Sem dúvida, existem essas duas linhas. Na realidade, o crime organizado se alastra. Ele tem espectro muito grande e, neste sentido, num caso como o de Marielle Franco e Anderson Gomes, temos que nos cercar de todas as frentes. Neste sentido é que o Ministério Público fãs um levantamento de todos os inquéritos que tramitam já por aqui, fazendo um cruzamento com essas organizações criminosamente para poder deflagrar as possíveis ações penais - disse o procurador. Sem dúvida, existem essas duas linhas. Na realidade, o crime organizado se alastra. Ele tem espectro muito grande e, neste sentido, num caso como o de Marielle Franco e Anderson Gomes, temos que nos cercar de todas as frentes."
Segundo Gussem, a Polícia Civil segue uma linha específica, enquanto o MP é mais abrangente."- Elas necessariamente não são divergentes. Elas podem ser até convergentes. São linhas de investigação que podem desembocar na mesma resposta. A DH se debruça no episódio específico da Marielle. O inquérito da DH é relatado para o MP, que, se entender que diligências terão que ser feitas, o devolverá à polícia" - concluiu.
Witzel promete programa rigoroso
O governador Wilson Witzel voltou a chamar de terrorismo as ações praticadas por narcotraficantes no estado. Segundo ele, a ação contra Martha Rocha é mais um exemplo disso. Ele comentou ainda os problemas no funcionamento de outros serviços estaduais.
- "Eu peço licença para dizer em jargão jurídico. Não há do que discordarmos. Renunciei um cargo de juiz tão desejado. Abdiquei do sonho porque achei que era o momento de trazer dignidade ao estado. Eleito pelo povo, me sinto com a obrigação disso. A saúde está sendo desmontada por uma organização criminosa. Sejamos severos nos gastos públicos. Vamos ter que contingenciar R$ 12 bilhões. O meu secretariado está com o compromisso de estabelecer um programa rigoroso" - afirmou Witzel.
O governador falou também do fim da Secretaria de Segurança: - "O modelo anterior não satisfazia aos anseios da sociedade. A responsabilidade vem com a cobrança. Caberá rigor na fiscalização da atividade policial. Princípio do check and balance. As duas polícias com o controle externo do MP terão uma relação harmoniosa. Quero simplesmente colaborar."
Milícias
Em mais um de seus pronunciamentos, Witzel não citou as milícias em nenhum momento. O governador falou apenas da corrupção nas polícias:
- Temos querer a grandeza de cortar a própria carne. O fardo é pesado.
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