Empresa de Ronaldo corta laços com lutadores em ‘protesto’ contra o UFC
- infodiario
- 11 de nov. de 2015
- 3 min de leitura

A agência 9ine, empresa de marketing esportivo de Ronaldo, que gerencia a carreira de diversos atletas e trabalhou com grandes nomes do MMA resolveu cortar seus laços com o UFC, em protesto contra a organização. Com isso, deixou de trabalhar com Vitor Belfort – que neste fim de semana venceu Dan Henderson, em São Paulo – e o peso pesado Júnior Cigano.
A decisão da empresa de se afastar do UFC tem relação com a política de patrocínio imposta no meio deste ano. Com o início de uma parceria com a Reebok, os lutadores não podem mais expor patrocinadores pessoais durante toda a semana da luta, o que gerou muita controvérsia. Os banners com patrocinadores, que figuravam atrás dos competidores antes das lutas, foram banidos e, além disso, eles passaram a vestir uniformes da empresa de material esportivo, sem qualquer menção às marcas.
Em nota oficial, a 9ine declara: “Comunicamos que a partir desta data a 9ine Sports & Entertainment se retira de qualquer negociação que envolva o UFC, seus eventos ou lutadores. A agência não acredita no novo modelo adotado pela empresa na captação de patrocínio e é de opinião que este fere diretamente todos os atletas da organização, além das empresas que apoiaram e apostaram no UFC por longos anos.''
Para Ronaldo e a agência, a decisão do UFC de proibir a exposição de patrocinadores pessoais é intolerável. “Nem só de negócios se faz uma grande empresa. Temos princípios fundados na visão de um ex-atleta e amante do esporte. Nosso presidente, Ronaldo Nazário, não tolera ver uma organização alterar suas regras de captação de patrocínio e remuneração dos lutadores – de maneira arbitrária – sem tomar uma posição.''
Em troca pela ausência das marcas exibidas anteriormente, o UFC passou a fazer um repasse do que recebe da Reebok, mas com valores que são distantes do que os grandes figurões geravam – apesar de em muitos casos beneficiar os atletas mais jovens, que conseguiam angariar poucos patrocinadores. De acordo com o número de lutas, os empregados do Ultimate recebem um valor, a cada compromisso. De uma a cinco lutas, ganha-se US$ 2,5 mil. O valor cresce até o limite de US$ 20 mil, para lutadores com mais de 21 lutas. Desafiantes a cinturão recebem US$ 30 mil e campeões, US$ 40 mil.
Com nomes como Belfort e Cigano, segundo o blog apurou, era possível gerar de R$ 600 mil a R$ 1,2 milhão em patrocínios. Com a chegada da nova política do UFC, a empresa passou a ter dificuldades de fechar acordos e já cobrava uma reavaliação por parte da organização de MMA.
Ao Na Grade, Victor Rios, diretor de relações públicas da 9ine, explicou que a rompimento com Belfort e Cigano já foi avisado e que não fazia mais sentido tentar captar patrocínio para lutadores que não conseguiriam mostrar seus apoiadores.
“Não vamos representar, nem passar patrocínio para nada que envolva o UFC, porque o que adianta correr atrás se não pode expor a marca? É um trabalho de secar gelo, procuramos patrocinadores, quase fecha, quase fecha, mas nunca fecha. E patrocinador quer aparecer”, explicou, Rios. “É uma posição bem incisiva da empresa.''
Joana Prado, mulher e empresária de Vitor Belfort, explicou ao blog que a decisão foi natural. “A 9ine captava patrocínio para o Vitor nas lutas. E, uma vez que entrou a Reebok no UFC, e não existe mais patrocínio para atletas, não fazia sentido estar com o Vitor. Claro que temos projetos para o futuro, adoramos eles, o Ronaldo, mas não fazia mais sentido''. Sobre o tom do comunicado, apenas disse que entende a posição que foi assumida. A equipe de Cigano preferiu não se pronunciar.
A 9ine ficou mais famosa neste meio por trabalhar a imagem de Anderson Silva por boa parte do auge de fama do ex-campeão dos médios – o Spider foi, por sinal, o primeiro atleta da empresa. No entanto, as partes romperam antes da última luta dele, contra Nick Diaz, em que o astro foi pego no antidoping. Com Anderson, Ronaldo chegou a viajar para eventos, participou de um treino aberto e sempre se sentava na boca do octógono – uma imagem sua comemorando o nocaute sobre Yushin Okami, aos pulos, ficou famosa em 2011.
As últimas decisões do UFC fizeram alguns lutadores se levantarem e peitarem o evento – principalmente atletas que já deixaram a organização. O Ultimate vem sendo processado por monopolizar o mercado e nomes como Wanderlei Silva tentam criar uma espécie de sindicato, para mobilizar os atletas.
Vitor Belfort também é crítico da nova regra, apesar de não falar incisivamente contra o UFC. Na última semana, antes de enfrentar Dan Henderson, ele reclamou do fato de receber para lutar e não para treinar – como acontece em esportes como o futebol, em que se recebe mensalmente. “O futuro é ser pago para treinar'', opinou.
Fonte: UOL
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