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Radicalismo causa prejuízo aos filhos, sabia?

  • infodiario
  • 27 de abr. de 2016
  • 4 min de leitura

Proibir TV, jogos eletrônicos e doces, só para citar alguns exemplos, pode provocar de sensação de exclusão a problemas de relacionamento e depressão


Certos pais, por causa de princípios adquiridos na infância ou movidos pelo desejo de proporcionar uma educação alternativa aos filhos, costumam impor uma série de regras e valores que acabam se chocando com a realidade de outras crianças.


Exemplos? Condenar e proibir, em qualquer circunstância, assistir TV, jogar videogame, uso de brinquedos eletrônicos, ingestão de doces e refrigerantes, participação em excursões ou eventos escolares, passeios em shoppings ou qualquer atividade que possa incutir o consumismo.


Alguns também proibem os filhos de frequentarem a escola, optando por métodos que proporcionam a educação em casa.


Obviamente, a intenção não é transformar as crianças em soldadinhos, nem o lar em quartel. No entanto, segundo especialistas, pais com regras de conduta muito rígidas podem interferir – e muito! – no bem-estar dos filhos, provocando danos que acabam atingindo a adolescência e, às vezes, obtendo justamente efeitos contrários aos esperados.


A menina que é proibida de ter bonecas fashionistas pela mãe, defensora ferrenha da diversidade dos padrões de beleza, pode justamente se apaixonar pelo brinquedo e se esbaldar de brincar na casa das amigas; assim como o garoto que nunca pode tomar refrigerante não parar de entornar copos na festinha do colega de escola.


Afinal, da porta de casa para fora o controle rígido nem sempre tem valor.


Para a professora Denise D’Aurea Tardeli, mestre em Educação e doutora em Psicologia Escolar e Desenvolvimento Humano, o primeiro prejuízo de uma educação extremista é a sensação de exclusão social.


“A criança fica isolada frente aos amigos que falam sobre assuntos que ela não conhece, como um determinado desenho animado ou personagem. Além disso, ela é impedida de construir aprendizados significativos sobre o momento histórico e o contexto em que vive”, declara.


“No futuro, essa criança pode ter dificuldade em lidar com situações novas que vão exigir uma certa flexibilidade cognitiva que ela não teve a oportunidade de desenvolver”, completa o psicólogo Yuri Busin, diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental - Equilíbrio (CASME) e mestre e doutorando em Psicologia.


Na opinião da psicóloga e psicopedagoga Elizabeth Monteiro, que está lançando o livro "Viver melhor em família" (Ed. Summus), é preciso criar os filhos para enfrentarem o mundo no qual eles estão inseridos e não para viverem na contramão do fluxo.


“As crianças devem ter acesso a tudo o que o universo lhe apresenta, desde que na etapa correta ao seu desenvolvimento, sob a vigilância do adulto e com limites. Vivemos em um mundo real e não podemos forçar que os nossos filhos vivam em um mundo paralelo. É só uma questão de controle”, afirma.


Flexibilidade é essencial


Além do isolamento e rejeição entre crianças da mesma faixa etária, que pode acarretar desde bullying até dificuldade de relacionamento com as pessoas em longo prazo, o radicalismo da família pode render outras consequências negativas.


Segundo Elizabeth, quando a educação é muito alternativa e radical, há o risco de produzir transtornos de personalidade, de humor e afetivos. A criança ou o adolescente pode desenvolver disfunções alimentares, como compulsão (comer demais e escondido), bulimia (comer e vomitar em seguida) ou anorexia (se recusar a comer).

Outros perigos são o surgimento de depressão, ansiedade, manias e tiques nervosos. “A criança pode se transformar em um mentiroso torpe, apresentar comportamentos de voyeur, exibicionismo e até um bloqueio na aprendizagem. O negócio é sério e pode levar ao uso e abuso de drogas”, alerta a psicóloga.

Alarmismos à parte, é bom frisar que todos esses perigos dizem respeito às atitudes ou ideologias radicais e extremistas, que flertam com o comportamento patológico.


“O ideal é haver flexibilidade. O maior erro de muitas pessoas é não saber dar o equilíbrio. Não se pode abandonar ou rejeitar tudo o que acontece na vida e passar a viver dentro de uma bolha”, pondera.


Como encontrar o equilíbrio


Repensar a própria trajetória de vida pode sinalizar informações importantes aos pais. Será que são mesmo tão radicais ou, no fundo, querem parecer diferentes aos olhos alheios? Ou querem apenas imitar aquilo que aprenderam e/ou que consideram adequado?


“Se as normas integram uma ‘proposta de vida’, um projeto saudável verdadeiro, sem problemas! Mas se for algo impositivo somente para reproduzir a própria educação, vejo ressalvas. É preciso que os pais tenham coerência e bom senso ao tentar educar os filhos da mesma forma que foram educados, pois os valores sociais mudam muito de uma geração para outra”, afirma Denise.


“E também é necessário que pais e mães se lembrem que já foram pequenos e como é ser criança”, acrescenta Yuri.


É importante, ainda, explicar aos filhos os motivos por trás das regras, em vez de apelar para a pura e simples restrição. É o caso do tempo contado para ver TV ou jogar videogame ou da limitação do consumo de certos alimentos. E, por último, vale a pena avaliar se os radicalismos fazem mesmo sentido.


Uma criança não vai se tornar uma consumista compulsiva e endividada porque, de vez em quando, passeia no shopping, assim como investir apenas em brinquedos educativos não torna ninguém mais inteligente ou esperto se não houver atratividade nem oportunidade de interação.


Fonte: Disney Babble

(Foto: Getty Images)

 
 
 

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